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Saulo Penna Neto

Embraer: O Ícone do Orgulho Nacional Completa 50 Anos

No ano de 1950 o Governo Brasileiro inaugurou em São José dos Campos, SP, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um empreendimento utópico e desafiador, que em 1945, quando apresentado por seu idealizador Marechal-do-Ar Casimiro Montenegro Filho, provocava muitas reações de descrença motivadas pelo fato de o Brasil ser um país essencialmente agrícola e com indústria mínima, tornando excêntrica a ideia de formar pessoas capazes de projetar e fabricar aviões.


Já na década seguinte (anos 60), foi dada a uma equipe de, inicialmente, seis engenheiros do Centro Técnico Aeroespacial a missão de projetar o EMB-100 Bandeirante, uma aeronave turbopropelida destinada a uso geral, tanto militar quanto civil, que atendesse a uma série de requisitos técnicos, sendo então um projeto de nível sem precedentes no Brasil.


Vídeo 1: Vídeo histórico que mostra detalhes sobre o projeto e prototipagem do Bandeirante.

Inicialmente a equipe de projetistas foi liderada pelo fancês Max Holste, com a supervisão do engenheiro aeronáutico Ozires Silva, que havia sido formado pelo ITA no ano de 1962. O projeto foi iniciado em 1965, e três anos depois, diante de uma plateia desacreditada, o icônico Bandeirante fazia seu primeiro voo, provando ao mundo, e especialmente aos próprios brasileiros, que nosso país é capaz de projetar e fabricar excelentes aeronaves, capazes de competir no mercado internacional.


Figura 1: EMB-100 Bandeirante saindo do hangar para a realização do primeiro voo oficial (fonte: DefesaNet).

 

O nascimento da Embraer


O sucesso e aceitação do Bandeirante após seu primeiro voo exigiu a criação de uma fábrica que organizasse e executasse a produção em série do modelo, surgindo então a Embraer. A empresa foi fundada com capital misto (privado e público) e presidida por Ozires Silva, que é reconhecido como o fundador da empresa, que foi criada oficialmente no dia 19 de agosto de 1969 e iniciou as atividades no ano de 1970. Ozires se manteve no cargo até o ano de 1986, quando então assumiu a presidência da Petrobras.


Figura 2: Hangar de montagem do Bandeirante (fonte: O Globo).

 

Crise e privatização


Desde sua fundação até os dias de hoje a Embraer passou por diferentes projetos de aeronaves, modelos de gestão e desafios, sendo atingida fortemente por uma crise econômica no final dos anos 80 que quase obrigou a companhia a encerrar suas atividades, fazendo-a iniciar um processo de privatização. Nessa ocasião, Ozires Silva foi convidado a retornar à presidência da empresa e conduzir o processo de privatização, que ocorreu no ano de 1994 com a execução de um leilão.


Após o processo de privatização foi iniciada uma fase de reestruturação administrativa e novos projetos foram conduzidos, levando a Embraer a se tornar em pouco tempo a terceira maior fabricante de aviões do mundo, ficando atrás apenas da Boeing (Estados Unidos) e da Airbus (Europa).

 

As aeronaves

A Embraer é responsável pelo projeto e fabricação de diversas aeronaves reconhecidas internacionalmente, sejam elas de uso civil para transporte de passageiros, de uso militar, agrícola, ou de transporte executivo. A qualidade e alto nível dos projetos desenvolvidos pela empresa brasileira a coloca como uma das maiores do mundo e a melhor em diversos aspectos, a exemplo do EMB-314 Super Tucano (A-29 na FAB).

Essa aeronave possui excelente capacidade de carga, baixo custo de operação e capacidade de instalação de diferentes canhões, bombas, foguetes e mísseis, além das metralhadoras padrão e eletrônica de última geração. De acordo com muitos especialistas, ela é a melhor aeronave de ataque leve do mundo, sendo operada pelo Brasil, Estados Unidos, Colômbia e outros 15 países, com diversas unidades entregues e muitas encomendas.


Figura 3: O A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira(fonte: Wikipédia).


Quando o assunto é aeronaves militares, outro grande destaque internacional da Embraer é o KC-390, aeronave militar para transporte tático/logístico e reabastecimento em voo, que foi anunciada oficialmente em 2009 e realizou o primeiro voo em 2015. Trata-se da maior aeronave produzida na América Latina e promete ser a melhor do mundo em sua classe. No Brasil as aeronaves encomendadas irão substituir gradativamente os C-130 Hercules da Lockheed Martin, além disso, Portugal tem encomendas formalizadas e mais uma dezena de países estão com as negociações em andamento ou demonstrando interesse de compra.


Figura 4: O majestoso KC-390 traz o que há de melhor e mais moderno em termos de transporte e reabastecimento aéreo, prometendo ser o melhor do mundo em sua categoria (fonte: Wikipédia).


Após ter passado pela crise financeira, e paralelamente ao processo de privatização, a Embraer lançou sua primeira linha de jatos comerciais de passageiros, a família Embraer ERJ (Embraer Regional Jetliners), que estava sendo projetada desde 1989, mas que quase foi cancelada devido à crise. Após o voo inaugural do ERJ-145 em 1997, a família de aeronaves teve numerosas encomendas, tendo sido produzidas mais de 2200 unidades. Um dos principais motivos do sucesso de vendas foi a ideia inovadora da Embraer de introduzir aeronaves maiores em linhas regionais que eram operadas tipicamente por aviões turboélices de tamanho e capacidade reduzidas.


Com o sucesso da família ERJ, a Embraer lançou rapidamente no mercado a família Embraer E-Jets, aeronaves com maior autonomia e capacidades que variam de 80 a 124 passageiros, que também foram um grande sucesso de vendas, consolidando a Embraer como referência na fabricação de jatos regionais. Já no ano de 2018 foi entregue o primeiro modelo da mais nova família de aeronaves, a Embraer E-Jets E2, que são melhoramentos significativos da família E-Jets, contando com melhorias aerodinâmicas, motores mais eficientes, novos sistemas eletrônicos e uma capacidade máxima de até 146 passageiros.


Figura 5: E195-E2, aeronave da novíssima família Embraer E-Jets E2. Esse equipamento pode ser considerado o estado da arte em termos de projeto aeronáutico (fonte: Brasilturis).

Figura 6: O avançado e moderno cockpit do E195-E2 parace ter saído de uma obra de ficção científica (fonte: Embraer).



No ano de 2018 foi anunciada oficialmente a criação de uma joint venture entre a Embraer e a Boeing, um negócio cujas tratativas iniciaram no final de 2017 e que levantaram questões polêmicas que dividiram as opiniões dos brasileiros. A justificativa de tal decisão se apoiam no fato de que ambas as partes (Embraer e Boeing) ficariam em desvantagem de mercado em relação às principais concorrentes (Bombardier e Airbus), pois no ano de 2016 a Airbus adquiriu a majoritariedade dos direitos da maioria dos jatos regionais da Bombardier, iniciando uma parceria extremamente competitiva e perigosa para a Embraer e a Boeing. A nova empresa, que irá possuir em seu portfólio os jatos comerciais da Embraer, teve seu nome escolhido em 2019 e se chamará Boeing Brasil-Commercial, lembrando que os demais setores da Embraer, especialmente os de jatos executivos e de aviões militares, permanecerão sob controle total da empresa brasileira.


A Embraer também tem forte presença no mercado de jatos executivos, contando com uma linha completa de aeronaves que vão das categorias mais leves, como o Embraer Phenom 100, até as categorias mais pesadas, a exemplo do Embraer Lineage 1000. No total a empresa conta com uma dezena de modelos diferentes, e o mais novo deles é o Embraer Praetor, aeronave lançada recentemente que promete ter maiores autonomia e velocidade no seu nicho de mercado.



Figura 7: O Embraer Praetor foi lançado em 2018 e é a mais nova aeronave executiva lançada pela Embraer (fonte: Passageiro de Primeira).

 

50 anos


No dia 19 de agosto de 2019 a Embraer completa 50 anos de história. Foram cinco décadas marcadas por desafios, trabalho duro e sucesso, provando a todos nós que com determinação e coragem até os maiores sonhos podem se tornar realidade e que as coisas boas acontecem se os potenciais existentes forem explorados e aproveitados da maneira correta, mesmo que a missão em questão seja desenvolver um projeto sem precedentes, como foi o caso do ITA e do CTA nos anos 1940 e 1950, onde um homem visionário (julgado como sonhador) foi capaz de imaginar e projetar, em meio a um verdadeiro descampado, o complexo que hoje é o grande centro do desenvolvimento aeroespacial no Brasil.


Figura 8: Ozires Silva, o fundador da Embraer, ao lado de uma maquete do Bandeirante, a aeronave que marcou o início da empresa (fonte: Aeroin).


Que a Embraer e seus idealizadores sempre sejam uma grande fonte de inspiração para todos os brasileiros, e que essa história nos motive a sempre acreditar nos nossos sonhos e trabalhar com dedicação para que caminhemos sempre em direção a um futuro melhor, vendo sempre as boas oportunidades e pensando nesses feitos heroicos sempre que a desistência parecer uma opção mais viável.


A Auster Tecnologia parabeniza a todos os envolvidos na incrível história da Embraer. E deseja que essa empresa continue sendo por muito tempo a grande fonte de inspiração e orgulho que se tornou.

 

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